Portel recebe Liga dos Campeões de Minigolfe: «É um estado de espírito mágico»

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Duas equipas portuguesas entre as melhores da Europa entre quinta-feira e sábado.

A Liga dos Campeões de minigolfe decorre desta quinta-feira a sábado em Portel, em Évora, com duas equipas portuguesas entre as melhores da Europa de uma modalidade à procura de mais praticantes, até porque é “um estado de espírito mágico”.

A mais importante competição de clubes da modalidade, a ‘Champions’, recebe no Alentejo os oito melhores da Europa em masculinos e em femininos, com os campeões portugueses em cada uma.

Nos masculinos, são os hexacampeões nacionais do Clube de Minigolfe do Porto a marcar presença, enquanto o também campeão nacional Minigolfe Clube de Portugal representa as cores nacionais em femininos.

“Há um objetivo que é, para nós, muito claro. Portugal já teve várias participações nesta prova, deste e outros clubes, mas nunca uma equipa portuguesa conseguiu jogar a final, o segundo dia de prova, no caso no sábado. Significa estar nos melhores seis do torneio. […] É o nosso objetivo primário fazer um bocadinho de história e ser a primeira equipa portuguesa na final”, resume, à Lusa André Campos, o presidente e atleta do Porto.

Aos 33 anos, tem 23 de atividade na modalidade e não esconde o discurso ambicioso de quem é hexacampeão nacional e tem várias das figuras do minigolfe nacional nos seis eleitos (mais um suplente), liderando um clube com 49 anos de existência e cerca de 100 associados. Uma ambição que os une ao Minigolfe Clube de Portugal, de Oeiras, distrito de Lisboa, em que António Manuel, presidente e treinador das campeãs nacionais, tem como “mais realistas expectativas” a entrada nas seis melhores equipas da Europa, conta à Lusa.

Ante o poderio nórdico, sobretudo da Suécia, e da Europa central, com a Alemanha à cabeça, Portugal joga com as armas que tem, neste caso sete atletas no masculino e quatro no feminino, num país com muitos praticantes por lazer, nota André Campos, mas poucos envolvidos na competição.

A realização da ‘Champions’ em Portel, mais uma de numerosas organizações nacionais destes eventos, dado o bom tempo durante boa parte do ano, traz “duas vantagens”, uma a familiaridade do circuito e a outra a mais extensa duração da estada na cidade, face a uma mais dispendiosa deslocação ao estrangeiro, refere André Campos.

Longe da competição, o minigolfe entra na vida das pessoas com “poucos limites de idade”, podendo começar aos seis ou sete anos, por norma por influência de pais ou outros familiares mais velhos, e depois “dá para ir aos 85, 90 anos”. “O nosso atleta mais velho, sócio fundador do clube e da federação, António Costa e Silva, tem 85 anos. Até brincamos, porque se calhar está a jogar o seu melhor minigolfe. Tem treinado muito, está reformado, e é uma pessoa com muita energia. Continua a jogar. Sendo um desporto de família, os torneios são juntos. O filho, vice-presidente da equipa e um dos nossos melhores atletas, e os netos também já jogam”, conta André Campos.

Este “verdadeiro desporto de família que conjuga várias idades” permite a muitos jogar com os pais, os filhos, os netos, com “muitos clãs dentro do minigolfe”, entre o que estima cerca de 150 atletas federados, isto é, ligados ao circuito de competição, 40 deles no emblema portuense. Um desporto com necessidade de mudança geracional, para atrair os mais jovens, tem “milhares de pessoas a praticar por lazer”, nos vários campos espalhados pelos países, por “carolice”, mas com “pouca penetração” no lado competitivo.

O ‘transfer’ que poderia parecer óbvio, do golfe para o minigolfe, modalidades com parte do nome em comum, além de funcionarem com o objetivo de inserir uma bola no buraco no menor número de tacadas, não acontece. “É muito raro”, e nos mais antigos até se fazia do bilhar às três tabelas, pelo gesto técnico que aqui também marca a competição a cada pista de seis metros. “Enquanto o golfe tem muitos tacos e uma bola, […] no minigolfe temos um taco que pode durar a vida toda, parecido com o ‘putt’ do golfe, mas depois podemos ter milhares de bolas diferentes. Só eu e o meu pai temos mais de mil bolas diferentes”, explica.

De bolas pesadas a ‘pinchonas’, como chama às que saltam ao bater no chão, a mais moles “tipo gelatina”, vão “mais de um milhão de bolas possíveis”, entre o colecionismo e a competição.

Hoje, com 52 anos, António Manuel começou em 1982, quando tinha 12 anos, e depois trouxe o filho, trouxe outras pessoas, e agora quer ajudar, em Oeiras, a “trazer as escolas ao minigolfe”. “Sem isso, muito dificilmente conseguiremos atrair as camadas jovens. Em Oeiras, o trabalho que se está a fazer é através de um programa municipal. […] Usar o minigolfe para geometria descritiva, cálculo matemático, física… trazer essas disciplinas até nós”, sugere.

Para António Manuel, “só mesmo quem joga e experimenta é que percebe” o valor da modalidade, que é “um estado de espírito mágico”. “Jogar minigolfe é passar um fim de semana inteiro a estudar jogadas e formas de vencer obstáculos”, remata.

Por Lusa

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